sábado, julho 04, 2009

OPINIÃO - Maria João Pires

MARIA JOÃO PIRES
Vai renunciar á nacionalidade Portuguesa.
“A pianista Maria João Pires vai renunciar à nacionalidade portuguesa, tornando-se aos 65 anos cidadã brasileira. A notícia é avançada pela Antena 2 da RDP, que adianta que a pianista se fartou “dos coices e pontapés que tem recebido do Governo português". Decepcionada com o modo como tem sido tratada a nível governamental, sobretudo no seu projecto de ensino artístico de Belgais (Castelo Branco), Maria João Pires, que tinha dupla nacionalidade, decidiu agora ficar apenas com a brasileira”.
Não vou aqui pronunciar-me sobre esta decisão de Maria João Pires, pois cada Português é livre do tomar as decisões que muito bem entender sobre a sua “Portugalidade”. Porém… tal decisão não poderá deixar de ser questionada por todos aqueles Portugueses que ao longo de muitos e muitos anos, tudo têm feito por este pais. As perguntas que aqui deixo não são muitas nem complicadas, pois as minhas fracas capacidades intelectuais, não me permitem colocar questões difíceis ou complicadas.
AS MINHAS INTERROGAÇÕES
Se todos aqueles que lutaram pela democracia em Portugal, antes e depois do 25 de Abril tivessem desistido ou tivessem renunciado a essa luta, que país teríamos hoje?
Se os militares de Abril, que tantas e tantas vezes tão mal tratados foram por aqueles a quem entregaram o poder após o 25 de Abril, resolvessem entregar os quartéis aos governantes e fossem de abalada para um qualquer outro pais, que forças armadas teríamos nós?
Se todos os professores portugueses que diariamente vêem o seu estatuto profissional ser posto em causa, decidissem ir de apalada até ao Brasil leccionar, quem iria formar os Portugueses do futuro?
Se todos os sindicalistas que durante anos e anos foram, (e continuam a ser), prejudicados profissionalmente por causa das suas opções sindicais desistissem dessa luta, que direitos laborais teriam hoje os trabalhadores Portugueses?
Se todos os trabalhadores que diariamente são despedidos no nosso pais, renegassem ou entregassem o seu bilhete de identidade as autoridades e fossem labutar para um outro pais, que pais teríamos para entregar aos nossos filhos?
Se todos os escritores, pintores, poetas e outros tais que foram censurados antes e depois do 25 de Abril, resolvessem ir de abalada para um outro pais qualquer, que pais teríamos nós hoje em dia?
Maria João Pires tomou a decisão que tomou e não sou eu que a vou criticar pela sua decisão, porém… se todos aqueles que em determinado momento das suas vidas, não encontraram soluções para resolver os seus problemas, baixassem os braços e fossem de abalada para outras bandas, Portugal seria hoje não o deserto da outra banda que o “outro” falava, mas antes um pequeno deserto Ibérico.
A decisão é respeitável e tem que ser respeitada, mas por favor, não façam da opção de Maria João Pires um drama nacional e uma tragédia local.
O Albicastrense

7 comentários:

  1. Meu bom amigo, haverás de ver-me renunciar a muito filho da mãe, a muitos judas, a muitas coisas mal feitas e ainda a outras que não vou aqui dizer o nome, mas á nacionalidade não! Mesmo no tempo do fascismo, quue me envergonhava, é verdade, era preciso o meu bilhete de identidade de cidadão, que, como Maiakovsky, muito orgulho me dava. Porquê? Por lutar por um Portugal democrático. E ainda não parei. Nem paro.
    Sabes o que isto me faz lembrar? Era quando a malta jogava seis contra oito e perdiamos ao intervalo, queriamos mudar de equipa... Não, isso é dar o ouro ao bandido! Deixem-se de histórias. eu também gosto muito de picanha, mas volto às batatas com bacalhau, quando há, amigo, quando há...
    Abraço, catrino!
    João

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  2. Anónimo11:12

    já chega de trapalhadas
    quando não vigarices
    chantagem ?
    que o diga gueterres que enfiou 240 contos quando ameaçou com espanha
    agora ameaça com o brasil
    gastar dinheiro do estado em quinta privada um escandalo
    então que vá
    mas antes que vão pagando a quem devem
    e já agora era albicasrense ou veio de paraquedas
    boa viagem
    robim dos bosques

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  3. Anónimo19:01

    Maria João Pires deveria merecer todo o respeito e admiração dos Beirões. Não escolheu ela a Beira Baixa como terra de adopção? Não conseguiu direccionar investimento para a zona, não a divulgou junto da imprensa e da televisão, não criou um projecto educativo em aldeias recônditas, não nos presenteou com recitais admiráveis e inesquecíveis?
    Infelizmente, não só a Beira mas todo o nosso país é pródigo em maltratar grandes artistas. Até Camões, esse a quem chamamos Poeta, não foi ele amesquinhado pelos nossos "avós"?

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  4. José Matos20:04

    Não confundir o projecto/escola da Mata/Belgais e as iniciativas realizadas nas instalações da Quinta Belgais. São coisas diferentes.
    Ainda há poucos dias houve um concerto em Belgais e outras iniciativas vão ter lugar. Espero bem que sim. Não será pelo que se diz que eu faltarei. Lá estarei.
    José Matos

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  5. Anónimo07:09

    Biblioteca Municipal de Castelo Branco...
    Na "Reconquista" de 25 de Junho, com título de 1ª página e chamada à página 3, anunciava-se que:
    ”O Primeiro-Ministro José Sócrates inaugura no próximo domingo, a Biblioteca Municipal de Castelo Branco…”
    .
    Fiquei pasmado com tal informação!...
    .

    O edifício da Biblioteca, em 16 de Maio de 2006, pouco antes da inauguração.

    .
    Assisti a uma manifestação cultural na Biblioteca de Castelo Branco, na noite de 22 de Maio de 2008… Na verdade, àquela data, a Biblioteca já tinha sido inaugurada… já estava a funcionar!
    Graças, apenas, ao espírito empreendedor do presidente da edilidade. Só a ele se deve a existência daquela instituição cultural… Naquele sítio e naquele momento…




    Joaquim Morão, em 23 de Maio de 2008.

    E prosseguia a notícia da Reconquista:
    “A inauguração daquele espaço… acaba por ser um acto simbólico, já que aquele programa (Polis) teve início quando o actual Primeiro-Ministro tutelava a pasta do ambiente.”
    E, logo a seguir:
    “Aquelas obras são também uma marca do actual presidente da autarquia Joaquim Morão, que conseguiu requalificar o centro cívico, prosseguindo depois essa lógica de requalificação noutras zonas da cidade. A própria biblioteca municipal é hoje apontada como uma referência nacional e uma das zonas mais modernas do país.”
    .
    Oh! Senhor Presidente Joaquim Morão… pelo que leio, “aquela obra é também uma obra com a sua marca”! Parece impossível que o seu nome, assim mencionado, venha retirar todo o brilho da acção do Sr. Presidente Sócrates na construção da Biblioteca… Isso não se faz!... Isso não faz sentido!...
    Como que por acaso, aquela obra "também" mostra a sua marca… o Senhor deve ter um “grande amigo” no jornal… com esta tentativa de ofuscar o mérito de José Sócrates na realização deste magnífico empreendimento que é a Biblioteca Municipal e Castelo Branco…
    .
    Usurpar, politicamente, o mérito de Joaquim Morão é próprio de quem pensa com alguma dificuldade… Talvez por isso, eu tenha percorrido as colunas do jornal albicastrense que há poucos dias me chegou e não tenha encontrado o relato da inauguração pré-anunciada! O Senhor José Sócrates, provavelmente, esqueceu-se de meter na agenda aquela “inauguração”… Ou, talvez, algum assessor lhe tenha chamado a atenção para o tamanho do dislate que ia cometer...
    .
    Tenho a certeza que a ironia que coloquei neste breve “apontamento” me vai custar-me uma “bica” no Kalifa, quando me encontrar com o jornalista José Furtado (que me deve uma…), na próxima deslocação à minha “cidade berço”. Espero que convide, da minha parte, o colega João Carrega… para tomar a que lhe fico a dever agora.
    .
    NB – Aquela palavra “também” na frase “Aquelas obras são também uma marca do actual presidente…” é que me “revoltou as entranhas”…
    A secundarização do Presidente Morão relativamente ao “oportunismo descarado” de José Sócrates não podia ficar impune e tinha de ser rectificada.
    Foi o que tentei fazer…

    Mal sabe a verdade o João de Castelo Branco.
    O Morão é que se lembrou de apresentar obra aoSócrates é um hipócrita soberbo.

    Sr, Veríssimo faça lá um post-investigação porquê é que a Biblioteca Municipal Jaime Lopes Dias foi extinta. Eu dou uma pista- é para se vir a chamar Morão. Apostamos um tintinho?

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  6. Pavel01:11

    Razão tinham os que ficaram de pé atrás sobre o veneno à solta que pairou sobre Maria João Pires.
    Afinal, houve deturpação.
    A história foi mal contada.
    Além do mais, as pessoas são livres de fazerem opções. Aliás, em períodos conturbados da nossa história, muitas personalidades da cultura,artes,ciência,política, trabalhadores e gente simples do povo partiram desiludidos,zangados com o seu País e optaram por diferentes modos de exteriorizar a sua desilusão,o seu desencanto,uns por períodos curtos, outros por períodos longos ou para sempre, alguns renunciaram, abdicaram, desertaram,exilaram e mais tarde, muitos voltaram...
    Tantas são as histórias belas e fantásticas, tristes e dramáticas que se contam e,sabe-se lá o que disseram quando eles optaram por saír, por ir embora.
    "O coração tem razões que a própria razão desconhece"!
    Pode ser que haja um pouco de tudo isto, nesta história. Embora se saiba que, afinal, o que se dizia estava mal contado.
    Para mim,Maria J.Pires, continua a ser uma artista fantástica e uma pessoa de grande sensibilidade e que a expressa à sua maneira.
    Se Belgais continuar e oxalá que sim, lá estarei.
    Pavel

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  7. Antes de mais devo dizer que o comentário do Sr. João de Sousa Teixeira está genial, excepto a parte do bacalhau, que toda a gente sabe que o salmão sabe bem melhor e além disso faz bem à saúde. :)

    Em relação à decisão da Sra. Chopin, não convém esquecer que ela já fez por esse mundo fora, muito mais que 100 Cristianos Ronaldos, (http://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_João_Pires). E se todos os génios têm tendência para a loucura, toda esta situação é a prova disso. É óbvio que esta decisão pode ser contestada, e que não faz grande sentido renunciar à nacionalidade, (nunca faz sentido). Vamos esperar que a razão volte a Maria João Pires, e que voltemos a ouvir falar nela por boas razões.

    E como eu sei que ela lê este blog, vou apenas dizer: "Maria, tem lá calma e analisa bem as coisas: tu queres renunciar da nacionalidade portuguesa, para a brasileira??? Ainda se fosse para a inglesa, ou alemã, tudo bem, agora brasileira??? E porque não queniana, ou nigeriana? Não faz sentido..."

    Um abraço para todos os portugueses cá dentro e lá fora!

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