domingo, outubro 18, 2009

CASTELO BRANCO NA HISTÓRIA E NA ARTE - LXI


MONUMENTOS DE CASTELO BRANCO

CONVENTO DA GRAÇA (VI)

(Continuação)
Em 23 de Fevereiro de 1690 o Bispo da Guarda D. Frei Luís da Silva, estando em Castelo Branco onde tinha residência de inverno, fez à irmandade dos Passos a doação de um pálio e de todos os paramentos e alfaias necessários para o Enterro do Senhor, “considerando e vendo que a pobreza da Irmandade dos Passos desta vila de Castelo Branco não podia fazer a sua procissão com aquela decência e esplendor que era bem que se fizesse”. A Irmandade subsistiu com a extinção das Ordens religiosas em 1934, vivendo independente na igreja do convento da Graça até ao ano de 1842 em que foi incorporada na Misericórdia. A procissão dos Passos e outras cerimónias religiosas passaram a ser organizadas pela Mesa, conforme estatuía o respectivo compromisso. Na véspera do dia em que se realizava a procissão dos Passos fazia-se, á noite, outra denominada das lanterninhas, para levar a imagem do Senhor dos Passos até ao convento de Santo António dos Capuchos, onde ficava em exposição até ao dia seguinte. A imagem era sempre acompanhada pelos Irmãos da Irmandade dos Passos e da Misericórdia. O povo e principalmente as crianças concorriam com numerosas lanternas acesas, de varias formas e cores, algumas das quais decoradas com os emblemas da Paixão de Cristo, produzindo um efeito deslumbrante. Após a extinção das Ordens religiosas continuou a fazer-se a procissão mas a imagem passou a ser conduzida da igreja da Graça para a de S. Miguel da Sé, onde ficava em veneração até ao dia seguinte em que se realizava a procissão dos Passos. O itinerário era o seguinte: Largo da Sé, Ruas de S. Sebastião e da Ferradura até ao Espírito Santo, Rua da Santa Maria, Praça Velha, Rua dos Ferreiros e Rua da Corredoura (hoje Bartolomeu da Costa) até à da Graça. A Irmandade dos Passos fazia também a procissão do Enterro do Senhor na noite de sexta-feira da Paixão, saindo da igreja da Graça e seguindo um itinerário inverso do mencionado. Nesta procissão era conduzido o Senhor Morto e a Senhora das Lagrimas que costumava ser vestida pelas senhoras da família Ordaz, dos barões de Castelo Novo. Durante duas décadas, após a implantação da Republica não se realizaram as procissões. Voltaram e efectuar-se há poucos anos com muita simplicidade mas dando, todavia, a impressão nítida que não afrouxou a devoção do povo de Castelo Branco pelo Senhor dos Passos da Graça.

PS. O texto é apresentado nesta página, tal qual foi escrito na época.
Publicado no antigo jornal "Beira Baixa" em 1951
Autor. Manuel Tavares dos Santos.

O Albicastrense

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