sexta-feira, outubro 09, 2009

CASTELO BRANCO NA HISTÓRIA E NA ARTE - LX



MONUMENTOS DE CASTELO BRANCO
CONVENTO DA GRAÇA (V)
(Continuação)
O produto da venda dos imóveis foi convertido em papeis de credito cujo rendimento veio a produzir um importante aumento de receitas. No ano económico de 1866-1867 a receita foi de 4.063$820 reis, ao passo que nos anos seguintes foi aumentando sempre ate atingir a quantia de 11.494$854 reis no ano de 1871-1872.
Em 1890 possuía a Misericórdia, a importância de 205.350$000 reis em papeis de credito e 5.999$260 reis mutuados ao juro de 5 e 6%.
Os rendimentos anuais haviam baixado para uma importância de 6.560$430 reis e as despesas com a botica privativa e com o pessoal da secretaria, do hospital e da igreja perfaziam a quantia de 3.106$800 reis. O saldo de 3.453$630 reis era insuficiente para custear todos os encargos da hospitalização dos doentes, do culto religioso, da conservação do edifico e das festividades, etc... A situação financeira da Misericórdia agravou-se considerávelmente no século XX com a enorme desvalorização da moeda, causada pelas crises económicas que se seguiram as guerras mundiais de 1914-1918 e 1939-1945.
Todavia, mercê da competência e dedicação dos últimos provedores, comerciante António Ferreira Pinto e advogado Dr. Frederico da Costa, a Misericórdia consegui ampliar os benéficos da assistência clinica e hospitalar a um grande numero de necessitados . Sob a gerência do primeiro dos citados provedores foi construído na cerca, em 1937, um edifício com novas enfermarias e solários, com o qual melhorou considerávelmente a hospitalização dos doentes. A concepção do edifício não obedeceu, porem, às regras modernamente aconselhadas na construção de hospitais e arquitectonicamente, constitui esse pavilhão uma deformidade que pode emparceirar com outras que ultimamente tem surgido na cidade prejudicando lamentavelmente a sua estética.
Com as receitas obtidas por meio de legados, subsídios do Estado e donativos e donativos de particulares consegui também a Misericórdia, em 1947, sob a gerência do Dr. Frederico da Costa, fazer a adaptação a policlínica de um edifício na cerca. Os serviços externos e o internamente do hospital funcionam, desde o ultimo quartel do século XIX, em boas condições higiénicas e, no livro de registos dos visitantes, iniciado em 16 de Outubro de 1888,podem ler-se algumas frases de pessoas ilustres que traduzem agradáveis impressões colhidas na sua visitas. O Rei D. Carlos, que esteve em Castelo Banco nos dias 5 e 6 de Setembro de 1891 para inaugurar a linha férrea da Beira Baixa, escreveu o seguinte:
“Ao acabar a minha visita a este hospital desejo deixar aqui consignado a todos os que o dirigem o meu sincero elogio pelo estado em que encontrei tudo. – el-rei D. Carlos I. – 6 de Setembro.” Seguem-se as assinaturas da Rainha D. Maria Amélia e dos conselheiros Mariano de Carvalho e João Franco Castelo Branco, que acompanharam o soberano na sua visita. Na igreja do antigo convento da Graça existia a Irmandade dos Passos, que foi sempre muito pobre.
(Continua)
PS. O texto é apresentado nesta página, tal qual foi escrito na época.
Publicado no antigo jornal "Beira Baixa" em 1951
Autor. Manuel Tavares dos Santos.
O Albicastrense

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