quinta-feira, março 27, 2008

Castelo Branco na História XIX

                                 (Continuação do número anterior)
“Continuação da medição e descrição do palácio dos comendadores se Santa Maria da vila de Castelo Branco”.
“De fronte do dito arco está um portado de cantaria lavrado, grande e magnifico, por onde se entra para uma sala que fica por baixo da de espera, que é toda ladrilhada e no meio tem um florão de azulejos, tendo de comprimento 10 varas e 10 palmos e de largo 4 varas e 2 palmos; e nesta sala está uma porta para o norte, por onde se sai para um passeio ladrilhado de pedra miúda e cercada de parede com seus alegretes de roda dela, pelo que mostra que foi jardim, o qual tem de comprimento 12 varas e de largo 5.
No cimo da dita sala à direita da sua entrada está outra porta por onde se entra para uma loja, que serve ao presente de tulha; e defronte da casa de abóbada há outra porta por baixo de um arco por onde se entra para a tulha do azeite.
As paredes do palácio são todas mais altas que do que os seus telhados e todas cercadas de ameias que formam a perspectiva da torre da muralha. Na forma referida é que está o sobredito palácio e todo está suficientemente reparado sem ameaçar em parte alguma ruína”.
Acentue-se que em Outubro de 1753 a antiga alcáçova ainda se encontrava em óptimo estado de conservação. O castelo com o seu palácio e a muralha mantiveram-se quase intactos durante mais umas dezenas de anos. Porém, na primeira metade do século XIX, em que a cidade foi conturbada pela guerra peninsular e pelas pugnas políticas, os seus habitantes empreenderam a demolição do castelo e da muralha, com o objectivo de utilizar a pedra nas construções particulares.
Para tanto obtiveram o assentimento das autoridades a quem competia velar pela conservação dos monumentos históricas. Nessa época, que foi a mais nefasta da sua história, a cidade foi vitima das vicissitudes das guerras e das perturbações da ordem pública e, como se não bastassem essas calamidades, foi levada a efeito a destruição sistemática da sua majestosa fortaleza medieval.
Em 1821, num requerimento que um capitão, secretário das armas da província, fez ao rei para tirar pedra da muralha e com ela edificar uma casa junto da porta do Espírito Santo, a Câmara informou que achava justo o requerimento contando que a perda não fosse tirada das muralhas ocupadas por particulares e que também achava conveniente que a pedra se consumisse em obras que tinham por fim aumentar a cidade.
19/103
PS. O texto é apresentado nesta página, tal qual foi escrito na época.
Publicado no antigo jornal Beira Baixa em 1951
Autor.
M. Tavares dos Santos
O Albicastrense

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