sábado, novembro 27, 2010

EXPOSIÇÃO - XV




ANTÓNIO ANDRADE FERNANDES
"GABRIEL"
De todos os trabalhos pictóricos que já realizei até hoje, o quadro intitulado “Gabriel” que vos apresento este mês de Novembro, é aquele que representa a página mais dolorosa de toda a minha vida. Tratou – se da morte do meu irmão, que tinha a idade de 40 anos e que faleceu há cinco anos. Era e acredito que ainda seja o meu maior amigo. Não queria acrescentar mais sobre o trabalho deste mês, mas como homenagem a esse meu irmão aqui vos deixo um Requiem que um amigo anónimo me ofereceu.
REQUIEM POR GABRIEL
Enquanto a grande nau da vida sulca as águas no mar dos afectos
os passageiros, vão confiantes de que, o comandante ou o piloto
sabem a rota. Seja ela através de consulta às estrelas, ou por
qualquer outro meio usado em navegação emocional
Quando a tripulação sabe da qualidade do piloto
a viagem é serena e tranquila e todos os medos
vêem do lado de fora, por vezes com a fúria das
grandes ondas, por vezes com a sagacidade do vento salgado.
( lágrimas )
Também pode acontecer o barco atracar e partir dos vários cais
que delimitam a linha da vida, sem que, ninguém redija o diário de bordo.
Quando o conhecimento inter geracional deixa de funcionar
quando o conhecimento da rota efectuada é esquecida.

OS DEUSES
Enviam à terra dos homens hipnotizados pela ignorância e pelo egoísmo
alguém que no meio do caos, da tempestade e naufrágio eminente
Se levanta junto ao tombadilho da evolução psico somática
e aponta o dedo indicador na direcção da calmaria e da terra prometida.
Uma dessas pessoas enviadas à terra pelos Deuses é um criador de cores e formas, cidadão de trato simples e afável, cujo irmão
Gabriel é comandante de uma das naus que recebeu ordem dos Deuses
para tomar a rota dos céus.

A nau encontra – se agora ancorada na baía das boas memórias.
Gabriel está sentado à mesa onde os Deuses reservam lugar para os justos
que terminaram a sua viagem.
Estou autorizado a informar que, por detrás do banco onde Gabriel se senta está uma pintura igual àquela que abre a porta deste Requiem.

O Albicastrenses

2 comentários:

  1. Barradas18:45

    Olá António, quero-te dizer que recordo o teu irmão e tive a possibilidade de compartilhar com ele uma bela soecada, em Vila Velha de Rodão.Foi num dia em que muito gente se juntou em torno de uma causa que tu abraças-te, foi na Senhora da Alagada.

    Um abraço
    Felizardo Barradas

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  2. Anónimo17:08

    Olá pradrinho, quero dizer-lhe que este quadro é sem duvida o que mais profundamente me toca.Sempre que o vejo emociono-me.. Não só pela saudade que do meu pai sinto mas tambem pelas boas memorias.
    Tenho pena de não o ter conhecido tão bem quanto queria pois era apenas uma criança de 13 anos quando ele faleceu mas sei o grande homem e amigo que era e, sei que, por mais anos que passem ele estará sempre a ver-nos e continuará sem dúvida a ser o "piloto" das nossas "naus".. que nos momentos mais difíceis da nossa vida nos guiará "na direcção da calmaria e da terra prometida".
    Simplesmente precisamos é de aprender a viver com a saudade..

    Desculpe o desabafo..


    Um abraço

    MArco Nunes

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