Quando Neste Mundo só era Feliz
o que Acertava Morrer bem.
o que Acertava Morrer bem.
(Continuação)

(Declaro que foi sepultado nesta igreja em
cova de fábrica). / O Vig° Frei Manuel Rodrigues Corugeiro.
Comentário
O L. do
Francisco Rafeiro, natural de Castelo Branco e baptizado na igreja de Santa
Maria a 21.2.1661, era filho do boticário António Vaz Mendes e de sua mulher D.
Branca Rafeiro. Frequentou a Universidade de Coimbra, onde se matriculou em
Medicina a 1.10.1681 e concluiu o seu curso a 26.6.1687, passando ao exercício
da clínica médica na terra natal e ali falecendo, solteiro, a 26.1.1738 (Assento 22).
Seguindo a
inspiração e o exemplo de outros varões ilustres, o Dr. Francisco Rafeiro
deixou o seu nome ligado a diversas ações de benemerência. Assim: legou à
Misericórdia de Castelo Branco todos os bens de raiz; instituiu ainda um legado
de 100000 réis para dote de casamento de 5 órfãs; doou as suas casas «novas e
nobres», sitas na Rua do Postiguinho de Valadares, para vivenda dos párocos de
S. Miguel; custeou a magnífica obra de azulejo, levada a cabo na antiga ermida
de S. Gregório (atualmente, capela de
Nossa Senhora da Piedade).
Por tal
motivo, no pavimento da referida capela e defronte da porta travessa, foi
gravado em azulejo o seguinte letreiro: - Esta obra de azulejo e / Pavimento se
fez com o /dinheiro do doutor Francis/co Rafeiro já defunto p/e de se um P.
Nosso Ave-maria pela sua alma / 1739. (35)

Este é o testamento
que faço eu Francisco Rafeiro, estando enfermo na cama e em meu juízo perfeito,
qual o mesmo Senhor foi servido de me dar. Primeiramente, encomendo a minha
alma a Deus, que a criou e a remiu como seu preciosíssimo sangue e em cuja
santa fé cristã fui criado, vivi e determino morrer, recorrendo às chagas de
meu Senhor Jesus Cristo para que, mediante elas, consiga perdão das minhas
grandes culpas.
Da mesma
sorte, rogo e peço à Virgem Santíssima da e dade a queira ter comigo, sendo
minha advogada e intercessora diante de seu unigénito Filho para que, quando a
minha alma se afastar do meu corpo e for chama da ajuízo, me assista a valha;
para que, por sua infinita misericórdia, se me conceda aquele sumo bem e
felicidade eterna de que gozam os seus escolhidos e santos...
Considerando
a pouca duração do mortal e que neste mundo só é feliz o que acerta morrer bem
que o corpo se deve dar à terra de que foi formado, ordeno e mando que, quando
Deus for servido de me chamar para si, seja o meu corpo amortalhado no hábito
de S. Francisco e sobre ele a véstia de meu Padre S. Pedro, de que sou indigno
irmão; e, assim, que me levem à igreja de S. Miguel e nela me sepultem, junto
quanto for possível das sepulturas em que jazem minha mãe e minha irmã e minha
sobrinha, que é junto do degrau do altar de S. Francisco Xavier
…. Mais
mando que, no dia do meu ofício, se dê a cada preso dos que se acharem na
cadeia um tostão de esmola e a cada enfermo, que então se achar no Hospital,
outro tostão... À Senhora da Piedade, minha especial advogada, deixo uma moeda
de ouro, que o meu testamento aplicará para aquilo que julgar mais necessário
para o seu altar”... (36)
(Continua)
O Albicastrense
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