segunda-feira, maio 05, 2008

Castelo Branco na História XXIV

(Continuação do número anterior)

“ Dos ditos bens que foram meus quero que Catarina Vilela os goze nos dias da sua vida somente e que por sua morte logo se ajuntem aos de meus irmãos na Confraria da Sempre Virgem do Rosário, com tal condição e declaração que se minha mulher viver viúva sem casar ou casando com homem seu igual na qualidade e sem escândalo quero que gozo e possua todos os meus bens em vida; Porem, esquecendo-se ela de que é e de que foi minha mulher, se casar com homem que tenha parte de nação e cristão novo, por muito pouca que seja, a hei-de logo, logo, por deserdar e não quero que goze nem possua coisa minha nem um só instante e que logo os Mordomos de Nossa Senhora do Rosário tomem posse de todos os meus bens e peço às justiças de sua Majestade dêem aos ditos Mordomos toda a ajuda e favor que para isso for necessário porque assim è minha última vontade.”
Determina o testador que do rendimento dos seus bens se adquira para a Confraria de Nossa Senhora do Rosário um cofre com três chaves e para a Confraria do Santíssimo Sacramento os seguintes objectos em prata: seis castiçais, uma lambada, duas lanternas de mão “para irem junto ao palio quando o Santíssimo Sacramento sair em dias tempestuosos em que se apagam as tochas”, duas galhetas com seu pratinho e duas caldeirinhas com o seu hissope. E acrescenta, em benefício das órfãs casadoiras:
“ Todas as acima peças servirão em todas as festas que houver da Virgem do Rosário e servirão como se foram próprias da sua confraria e logo a todas as acima ditas peças compradas se ajuntará no dito cofre o dinheiro que toda a fazenda render em cada um ano e, conforme o que for e tiver vendido, se deitará em um vaso o nome das órfãs que houver na Freguesia de Santa Maria, como agora havendo rendido a fazenda dinheiro para cinco órfãs, a doze mil reis, se hão-de botar os nomes de dez órfãs no vaso e, havendo mais ou menos dinheiro, se botarão sempre no vaso os nomes das órfãos em dobre do dinheiro que houver e tiver rendido a fazenda para que, saindo assim por sorte, será a que mais merecidamente tiver com a Virgem do Rosário e, no dia da Senhora do Rosário, se porá no Altar os vasos com os nomes das órfãs ao dizer da Missa e o Vigário ou Clérigo que disser a Missa da Senhora, no fim da Missa tirará os escritos do vaso que estará bem baralhado e àquelas que saírem se lhes dará logo os doze mil reis a cada uma para seu casamento e, saindo assim por sorte, sairá às que mais fizeram o serviço de Deus e às que mais devotas forem de Nossa Senhora do Rosário; e os nomes das órfãs que se hão-de botar no vaso, por votos dos Mordomos e do Vigário que for da dita Igreja, aquelas que mais votos tiverem e não poderão nunca votar em órfã que tenha raça de cristã nova, por pouca que seja, sendo em cristãs velhas de boa vida e costumes; e dado o caso que na Freguesia de Santa Maria se não achem órfãs com os requisitos, então se poderão nomear de toda a Vila as que mais votos tiverem dos ditos Mordomos e Vigários”.

24/103

PS. O texto é apresentado nesta página, tal qual foi escrito na época.
Publicado no antigo jornal Beira Baixa em 1951
Autor.
M. Tavares dos Santos

O Albicastrense

4 comentários:

  1. Anónimo17:29

    BEM CÁ DE CONFRARIAS É QUE NÃO PERCEBO
    SERÁ TIPO AVENTAL
    OU É SÓ CABEÇAL
    MAS ACHO QUE A IGREJA DO CASTELO DEVIA TER UM ERMITÃO
    QUE ABRISSE A PORTA
    E AO TURISTA MOSTRASSE E CONTASSE A HISTÓRIA
    E JÁ AGORA QUE COBRASSEM 50 CENTIMOS PARA DESPESAS DA COISA
    NOS NOSSOS VIZINHOS ESPANHOIS É ASSIM
    COMFORME A MUSICA ASSIM SE PAGA

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  2. Caro anónimo.
    Tem toda a razão... de que vale termos estes monumentos se eles estão fechados praticamente 365 dias por ano!!!! Ou seja todo o ano.
    É uma tristeza mas infelizmente é aquilo que temos, e acho que é também aquilo que merecemos.

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  3. Anónimo17:33

    Ponham lá a arqueóloga da CMCB que não faz nada para além de andar sempre a dizer mal de uns e de outros. Ou há moralidade ou comem todos. Não é verdade Dr. L. Correia , Vice-presidente da Câmara. Há licenciados cuja função é só abrir e vigiar monumentos e equipamentos. Logo

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  4. Anónimo19:03

    arqueólogos e novos bibliotecários eles lá aparecem sem concurso estranhos casos

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