quarta-feira, julho 02, 2008

Castelo Branco na História XXX

Continuação do número anterior)

A Câmara Municipal pagava, para auxiliar as festividades a Santiago (patrono da vila), a S. José e a Nossa Senhora de Mércoles, a quantia de 12$000 réis.
No ano de 1730 o Provedor decidiu não autorizar tal dispêndio. Os vereadores da Câmara solicitaram então, ao Rei D. João V, autorização para continuarem a custear as despesas com os rendimentos do concelho e o provedor recebeu do sobrando a seguinte provisão datada em 10 de Abril do mesmo ano:
“ Faço saber ao provedor da Câmara Municipal de Castelo Branco que os vereadores da Câmara Municipal da dita Vila me representaram que, vendo-se aquele povo aflito com o castigo da peste no ano de 1601 e no de 1635 com a praga dos gafanhotos, imploraram o patrocínio da Virgem Maria Nossa Senhora da invocação de Mércoles e do Patriarca S. José que está no convento da Capuchos dessa vila lhes fizeram por votos, festas e procissões, como também à Senhora cuja ermida dessa vila meia légua, assistindo sempre o senado da Câmara, nas quais festividades se gastam pelos rendimentos do concelho a importância de 10$000 réis cujo despesa levaram sempre em conta os Provedores dessa Comarca e juntamente 2$000 réis que se davam pelo sermão da festa de Santiago Patrão dessa vila, que tudo fazia a soma de 12$000 réis, os quais vós ordenáreis que se não levassem em conta mais, visto não haver provisão minha para se fazer tal despesa; e porque as ditas festividades eram votivas e os rendimentos do concelho bastante, me pediram lhes fizesse mercê de conceder provisão para, pelos rendimentos do concelho, fazerem as ditas despesas e visto seu requerimento e o que consta da nossa informação, ouvindo os oficiais da Câmara, Nobreza e Povo, que não tiveram duvida: Hei por bem as despesas das três festividades referidas se façam pelo rendimento do concelho dessa Vila e vos mando que as leveis em conta na que tomardes ao mesmo comcelho.”
As festas consagradas a Nossa Senhora de Mércoles perderam, com o decurso dos anos, a pompa e o brilho de antanho. O povo não deixou, todavia, cair inteiramente no olvido a tradicional romagem e continua a cumprir, em parte voto feito no dealbar do século XVII pelo seu velho Município: acorre, no Domingo de Bom Pastor, ao pitoresco local da ermida assiste com recolhimento à Missa celebrada naquela vetusto templo e, após a pratica das suas devoções, compraze-se em assentar arrais nos campos circunjacentes ou nas ribas do arroio que ali serpenteie-a
para saborear os seus repastos à sombra das oliveiras frondosas.

PS . O texto é apresentado nesta página, tal qual foi escrito na época.
Publicado no antigo jornal Beira Baixa em 1951
Autor. M. Tavares dos Santos

O Albicastrense

1 comentário:

  1. Anónimo16:32

    Blog sobre a Freguesia de Sarzedas
    http://sarzedense.blogspot.com

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