terça-feira, julho 08, 2008

O s Nossos Chafarizes

CHAFARIZ DA S. MARCOS

O chafariz de São Marcos está classificado como Imóvel de Interesse Público pelo Decreto nº 95/78, DR 210 de 12 Setembro 1978.

Bigodes e Companhia, conhecedores das minhas intenções de apresentar neste blog o historial dos Chafarizes da nossa cidade, resolveram fintar-me, (são uns invejosos) e munidos dos respectivos acessórios para esta tarefa, foram fotografar e entrevistar o velho chafariz de S. Marcos.
Aqui fica a respectiva conversa desta dupla albicastrense com o velho Chafariz!!! Gostaria no entanto de esclarecer que o blog“ Castelo Branco – O Albicastrense” não se responsabiliza por este trabalho maluco.

Bigodes e Companhia

-- Em primeiro lugar gostaríamos de lhe agradecer esta conversa, pois somos sabedores que um tal, ”Albicastrense” se preparava para o vir chatear com perguntas patetas.

O velho Chafariz

-- Perguntem que eu gosto de contar a minha história.

-- Como é ter nome de Santo?
-- Sabem eu nem sempre tive este nome, no início era conhecido como Chafariz da Devesa.

-- Da Devesa!!!
-- Sim …
Por volta do século XVI ou XVII, (a minha memória já deixa muito a desejar) já aqui estava instalado. Este local fazia parte da extensão de terreno que ia desde a antiga muralha, (actual rua Vaz Preto) até ao sítio do cansado.
Só muito mais tarde e graças à Capela que tenho como vizinha, foi batizado com o nome porque hoje todos me conhecem.
Sabem, esta coisa de ser chafariz é uma tristeza, já nada querem connosco e estamos praticamente abandonados. Além de serem muitos anos de existência e de maus tratamentos.

-- São mais de 400 anos
-- Foram muitas as gerações de albicastrenses, que por aqui passaram…

Nos primeiros tempos, os albicastrenses vinha beber a água que jorrava da minha boca, conversar, desabafar e até namoravam brincado com a minha água.
Com o passar dos tempos perdi beleza e popularidade. Os residentes da nossa cidade esqueceram-me, os políticos desprezaram-me, e até as mulheres que aqui vinham lavar a roupa deixaram de o fazer.
Por fim até a bicharada que aqui vinha beber a minha água, deixou de comparecer.

-- Está muito magoado com os albicastrenses?
-- E com razão… vocês sabem de onde vinha a água que eu dava a beber aos moradores da nossa cidade nesses tempos?

-- Não!!!

-- Já sabia…
Hoje já ninguém quer saber da história dos velhos chafarizes da nossa cidade.
Mas eu vou dizer-lhe; a minha água era oriunda de um nascente que germinava numa das encostas do castelo da nossa cidade, e conduzida até mim por meios subterrâneos.
Hoje porém nada sei do líquido que me corre nas entranhas.
Sofri muitas restaurações ao longo dos tempos, porém muitas delas foram autênticos absurdos.
Vocês acham que estou bem conservado?

-- Para ser-mos sinceros… achamos que está uma autêntica desgraça.

-- Vocês têm cara de parvos mas pelo menos são honestos!
Vejam no século XIX, sofri mais uma das muitas restaurações que me fizeram ao longo dos tempos. Nessa reparação entre outras coisas, substituíram-me a boca de granito que dava de beber à bicharada, por um tubo de ferro!!!

-- Não pode ser!!!
--
Podepois ainda hoje a tenho. No século XX (a última restauração que sofri), o meu tanque que tinha sido construído no século XVII, foi quase engolido pelo chão como podem ver. Mas nem tudo foi mau nestes cerca de 400 anos!!!

-- Ah… então também ouve coisas boas!!!
--
Sim!!! Em Abril de 1655 a autarquia da nossa cidade reconhecendo a minha importância, (nessa altura ainda me chamavam de Chafariz da Devesa) aprovou um documento em sessão Camarária, onde determinou o seguinte:

“Toda a pessoa de qualquer qualidade que seja, que lavar no dito tanque dele ou fora dele roupa ou outra qualquer coisa pagará pela primeira vez dois mil réis e pela segunda quatro; toda a pessoa que lançar alguma pedra pequena ou grande no dito tanque pagara dois mil réis e a mesma pena terá qualquer pessoa que tirar pedra do cano do dito chafariz ou derrubar alguma pedra do bordo por baixo do tanque; toda a pessoa que derrubar alguma das ameias do tanque pagará seis mil réis de coima; toda a pessoa que no dito tanque aguçar alguma ferramenta no bordo ou em alguma pedra do dito tanque pagará dois mil réis. As quais condenações todas serão pagas na cadeia e sendo filho, pagará seu pai por ele e qualquer pessoa com uma testemunha o pode a coimar”.

Bons tempos esses, em que ainda se preocupavam comigo!!!

-- Mas em 1978, foi considerado como Imóvel de Interesse Público!!!

-- De que serve tal distinção!!!
Se a água que irrompe da minha boca, não serve para matar a sede a quem por aqui passa.
Se o meu tanque está cheio de porcaria e ninguém se preocupa em limpa-lo.
Se as minhas paredes estão uma indecência e ninguém as pinta.
Se alguém quiser uma fotografia minha, tenha que levar como brinde na minha foto a imagem e de uma carrinha que aqui tem garagem.
É caso para dizer: “ Se sendo considerado imóvel de Interesse Publico, não cuidam de mim, como seria se não tivesse qualquer classificação”?

-- Amigo Chafariz de S. Marcos, a dupla “Bigodes e Companhia” lamenta profundamente seu grave estado de saúde.
Promete-mos voltar quando tivermos boas notícias.

Bigodes e Companhia

2 comentários:

  1. Anónimo02:21

    Excelente entrevista.

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  2. Gostei do formato deste novo Post. Bastante inovador! Venham mais novidades!!!

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