sábado, julho 12, 2008

A Nossa Muralha

Bigodes e Companhia conversam
Com

O troço da velha Muralha

Depois do fiasco que foi a conversa de Bigodes e Companhia com o Chafariz de S. Marcos, a dupla resolveu repetir a pobre experiência com: “O troço da muralha desaparecido e agora aparecido”.
A dupla não querendo dar barraca estudou muitíssimo bem este dossier, equipou-se, e meteu pernas a caminho.
Subiram ao castelo e tagarelaram com o troço agora descoberto!!!!

Bigodes e Companhia:

-- Diga-nos Senhor pedaço da Muralha, por onde andou durante as centenas de anos em que esteve desaparecido?

Troço da muralha agora aparecido:

-- Desaparecido!? Mas eu estou aqui… E sempre aqui estive.

-- O senhor fragmento da muralha desculpe-nos… as informações que temos é que andou por ai de namoro, com uma muralha estrangeira e foi-se da cidade.
-- Com uma muralha estrangeira!? Só se fosse com a muralha da China… mas ela coitada, anda muito retalhada ultimamente.

-- Não mude de conversa e diga-nos: Se não se chispou da cidade, porque raio se camuflou dos albicastrenses?
-- Amigos Bigodes e Companhia, eu nunca sai do lugar onde tenho pousado há centenas de anos … Os albicastrenses,
e principalmente os políticos da nossa cidade, é que nunca quiseram saber de mim.

-- Lá está a desaparecida agora aparecida, a fazer-se de vítima.
-- Não estou não senhor… estou apenas a dizer a verdade:
Em Junho de 1836, o governo de sua majestade a pedido da “nossa autarquia”, autorizou a destruição através de uma portaria dos arcos da muralha da cidade e a utilização da minha pedra em obras de ”manifesta utilidade pública”...

-- Hoje ninguém iria permitir tal vandalismo!!!!!
-- Agora são vocês, quem estão a brincar!!!

Mas vamos continuar a nossa conversa:
Não contente com a portaria anterior no ano de 1839 sai nova portaria, onde se ordenava que fosse vendida parte da pedra das paredes do castelo e da muralha.

-- Senhor troço de muralha esqueça o passado e pense no futuro
-- Esquecer como?
Se estão constantemente a cometer os mesmos erros….
Ainda há alguns dias atrás, umas ruínas fa
miliares minhas que me vieram visitar, choravam baba e ranho de raiva, por causa do que lhes estava acontecer.

-- Conte-nos, o que foi que aconteceu?
-- Estiveram enterradas algumas centenas de anos, (como aliás é costume nas ruínas), mas desenterram-nas, limparam-nas e depois arrasaram-nas!!!!!
Como pode ver, os inquilinos da velha casa autárquica até podem ser outros… os métodos segundo parece é que não mudara
m muito.

-- Senhor Troço agora aparecido esqueça as amarguras e diga-nos:
Como é, sentir-se desejada novamente?

-- Desejado eu?

-- Sim… os políticos albicastrenses vão tratar de si, e até vai ter direito a eliminação pública nos seus 160 metros de comprimento.
-- Vocês só podem estar a gozar com este pobre troço de muralha desaparecido e agora aparecido…
Mandam-me abaixo todas as portas que tinha, vendem-me pedra a pedra, constroem tanques, casas de banho e ainda “mijam” e “cagam” em cima de mim.
E depois ainda me perguntam como é ser-se desejada?

-- Sim… como é ser uma espécie de troféu, que não é nem deixa de ser?
-- Meus amigos se eu tivesse canelas para andar à muito que teria desandado para um local bem distante, deste “paraíso” albica
strense.

Bigodes e Companhia

4 comentários:

  1. Anónimo13:59

    direito a eliminação pública?

    sinceramente acho que é algo que a pobre da muralha sofre já há muito tempo...

    1 pequena gralha...

    Yzark

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  2. Anónimo14:19

    Magnífico. O Sr. Presisdente é que não deve achar piada, ele que anda, agora, a descobrir as muralhas da cidade. O vandalismo que permitui vai para 10 anos na zona histórica da cidade é indesculpável.

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  3. Mais um delicioso post.

    Continua com esta veia inspiradora, que eu vou perdendo ânimo com tanta falta de sensibilidade e de prepotência

    Abraço

    Joaquim Baptista

    ResponderEliminar
  4. Batista.
    Se te vais abaixo, ficamos todos muito mais pobres na blog esfera.
    Não tens autorização dos albicastrense para baixar os braços.
    Toca a arrebitar os dedos e as células cinzentas.
    Um abraço deste teu amigo

    ResponderEliminar

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