domingo, outubro 05, 2008

EFEMÉRIDES MUNICIPAIS - IV


A rubrica Efemérides Municipais, começou por ser publicada entre Janeiro de 1936 e Março de 1937, no jornal “A Era Nova” transitou para o Jornal “A Beira Baixa” em Abril de 1937 e ali foi publicada até Dezembro de 1940. A mudança de um para outro jornal, deu-se derivado á extinção do primeiro.
António Ribeiro Cardoso, “ARC” foi o autor desde belíssimo trabalho de investigação, que lhe deve ter tirado o sono, muitas e muitas vezes.
O texto foi escrito neste blogue, tal como foi publicado em 1937.
Comentário do autor.
A sete de Abril de 1655 realizou-se mais uma sessão da Câmara, e logo de entrada diz-nos a acta ou termo da Câmara, como então se dizia, que; “foi condenado afonso mendes em douis mil Reis por não dar carne pelo antrudo“.
Comentário do autor.
Foi bem aplicada a multa, devemos convir. Faltar com a carne pelo Entrudos, quando logo a seguir vinha a quarentena e era de rigor o jejum e a abstinência, não podia ser. De admirar é que a acta se limita a dizer-nos que o velhaco do Afonso Mendes foi condenado a dois mil reis, não acrescentando que eram pagos da cadeia.
Logo a seguir aparece esta postura, que nos fala de coisas velhas que para muitos serão novidade:
"E logo naditta Camera acordarao os dittos oficiais dela que toda apesoa de qualquer qualidade que seja que na fonte do torneiro lançar gatto ou cão ou rapozo ou outro qualquer bicho pagara quatro mil Reis da cadeia etoda a pesoa que tirar algum bordo da ditta fonte pagara sies mil Reis da cadeia elansando pao ou pedra pequena pagara quinhentos Reis esendo filho familias oque fizer alguma das cousas sobredittas paguara seu pai por eles a condenação e outro sim acordarão que porquanto o tanque da deveza que de novo sefes he degrande utilidade deste povo econvem estar sempre limpo que toda apesoa de qualquer calidade queseja que lavar noditto tanque ou dentro dele oufora dele ou Roupa ou outra qualquer cousa pagara pela primeira ves douis mil Reis epela segunda quatro e outro sim toda apesoa que lançar alguma pedra ou pequena ou grande noditto tanque paguara douis mil Reis e a mesma pena tera qualquer que tirar pedra do cano dotitto chfaris ou derubar alguma pedra do bordo por baixo do tanque pagara douis mil Reis eamesma pena tera digo que toda apesoa que derrubar alguma das ameias do tanque pagara seis mil Reis de coima e outro sim toda apesoa que no ditto tanque agusar alguma ferramenta nobordo ou em alguma pedra doditto no tanque pagara douis mil Reis e fora nos asentos pagara mil Reis eesta mesma pena tera quem agusar no tanque que esta por baixo de nossa Senhora dagrassa as quais condanasois todas serão pagas nacadeia e sendo filho familias pagara seu pai por ele equalquer pesoa com hua testemunha opode acoimar e outro sim acordarão que toda apesoa que na fonte feiteira ou na do penedo das lamada (?) lansar pedra ou molhar palha pagara douis mil Reis da cadeia equalquer pesoa podera acoimar com hua testemunha emandarão apergoar da ginela da Camara pera baixo pera que viese a noticia e todos epor não aver mais que despachar a ouverão por feita e acabada e assinarão“.
Comentário do autor.
Foi extensa a transcrição, mas damo-nos por bem pago do trabalho de decifrar os hieróglifos do termo da Câmara, porque esta postura mostra aos que porventura o não soubessem que nesses tempos as posturas entravam em vigor imediatamente, supondo-se conhecidas de toda a gente logo que o pregoeiro viesse à Câmara dar conta do que se tinha resolvido. As fontes a que alude a postura onde estão? A fonte do Torneiro estava um pouco além da estação do comboio de ferro, junto ao muro da vedação da quinta da Carapalha, hoje propriedade dos industriais srs. Pires Tavares.
Da Fonte ainda há pouco tempo existiam vestígios, mas a agua há muito que desaparecera porque a roubaram sem protesto de ninguém. O tanque que noutro ponto se chama Chafariz da Deveza, era o tanque e chafariz de S. Marcos.
A Deveza ia desde a antiga Barbacã, que corresponde à rua Tenente Valadim e à Avenida Vaz Preto, até para lá do Saibreiro, Cansado, Etc.. o chafariz já existia, devia vir desde o tempo de D. Manuel I, o tanque foi feito depois de 1640.
O tanque que está por “baixode nossa Senhora dagrasa” era o tanque do Chafariz da Graça, perto da Mina.
 “A Fonte Feiteira e a Fonte do Penedo” não pudemos ainda descobrir onde ficavam, mas presumo que ficavam ao lado do caminho que corre ao lado do Quartel de Caçadores e seguia para os Escalos.
Continua
O Albicastrense

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